Um novo relatório global da Unesco destaca a falta de regulamentação apropriada sobre o uso da tecnologia na educação. O órgão urge que os países definam seus próprios termos para a forma como a tecnologia é desenvolvida e usada em sala de aula, para que ela nunca substitua a instrução em pessoa e orientada por um educador.
Chamado de “Tecnologia na Educação: Uma ferramenta em quais termos?”, o relatório foi lançado neste final de julho e apresenta quatro questões para que criadores de políticas públicas e players educacionais reflitam sobre como a tecnologia está sendo incluída na educação. Essas perguntas são: É apropriado? É equitativo? É escalável? É sustentável?
Sobre a primeira questão, por exemplo, o relatório da Unesco apresenta evidências de que os benefícios da tecnologia na educação desaparecem se esta é usada em excesso ou na ausência de um educador qualificado. “A presença de smartphones nas escolas também têm se provado uma distração ao aprendizado, e, ainda assim, menos de ¼ dos países bane o seu uso em escolas”, aponta o órgão.
“A revolução digital tem um potencial imensurável mas, assim como avisos foram dados sobre como ela deve ser regulada na sociedade, uma atenção similar deve ser dada à maneira como ela é usada na educação. Seu uso deve ser para elevar experiências de aprendizado e para o bem estar de alunos e professores, não em seu desfavor”, reflete a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.
Manos Antoninis, diretor de Monitoramento Global da Educação na Unesco, alerta para o perigo de vazamentos de dados em tecnologia educacional, tomando por base o dado de que apenas 16% dos países tem a privacidade de dados em sala de aula garantida por lei. Uma análise descobriu que 89% de 163 produtos tecnológicos educacionais podem vigiar crianças.
“Precisamos aprender sobre nossos erros do passado quando usando a tecnologia na educação para que não se repitam no futuro. Precisamos ensinar as crianças a viver com e sem a tecnologia; a pegar o que precisam dessa abundância de informação, mas ignorar o que não é necessário; a deixar a tecnologia dar apoio, mas nunca substituir as interações humanas no ensino e na aprendizagem”, afirma o diretor.
O relatório da Unesco também destaca as disparidades criadas pelo aprendizado digital. Durante a pandemia de Covid-19, meio bilhão de estudantes em todo o mundo foram deixados de lado devido à mudança para o ensino exclusivamente virtual. Geograficamente, o estudo notou um desequilíbrio significativo em recursos online favorecendo a Europa e a América do Norte.