Uma semana após o Governo de São Paulo anunciar que as escolas do estado iriam adotar apenas o material digital para o Ensino Fundamental 2 e para o Ensino Médio, a grande repercussão negativa que ocorreu na Cidade e no País fez com que o Governador do estado, Tarcísio de Freitas (PL), informasse que além do material digital, os alunos da rede estadual receberão livros impressos. O caso fez levantar a questão de que: até que ponto deve chegar essa troca do material físico pelo digital na educação?
No estado do Ceará a onda de tecnologia também chegou às escolas. No início do ano passado, a Prefeitura de Fortaleza realizou a entrega, por meio da Secretaria Municipal da Educação (SME), de uma nova remessa de tablets aos estudantes da Rede Municipal de Ensino. Em 2023, a gestão enviou 90.735 dispositivos para as unidades escolares, que realizaram a entrega aos pais e responsáveis. Esta política de viabilizar equipamentos tecnológicos aos estudantes foi uma promessa do Plano de Governo do prefeito José Sarto ainda em campanha.
O estudante da rede pública do Estado, Ricardo Carmo Carvalho, aluno do 1º ano do Ensino Médio, diz que utiliza livros na escola, mas que prefere utilizar tablets, pois assim você “tem mais curiosidade pelo que está estudando”. Mas, apesar de preferir estudar por meios digitais, o aluno diz que muitos não iriam se adaptar a esta versão exclusiva de estudo.
Os alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) do estado do Ceará, além da Educação Inclusiva, receberam um aparelho eletrônico tablet. Esta política teve início em 2021, quando foi lançado o pacote de Volta às Aulas. No total, a Rede de Ensino entregou 140.429 tablets aos alunos da Rede Municipal.
A aluna do 1º ano da rede estadual do Ceará, Mariana Amorim Carmo , conta que o material escolar que ela usa são livros impressos, mas que prefere estudar por tablets, pois “facilita o acesso a informações e tem uma melhor organização”.
Quando se fala em tecnologia nas escolas privadas, a realidade já muda bastante. Já que o investimento é individual para cada aluno e custa um valor considerável para oferecer os melhores equipamentos digitais ideais para uma criança/adolescente estudar e fazer trabalhos.
O diretor-executivo do Colégio Master, rede de escola particular presente no Ceará e no Rio Grande do Norte, confirma que o material digital é uma realidade não só na rede pública como privada, tanto para alunos como para professores. Ele defende que o digital deve ser utilizado como um dos suportes de ensino junto a outros já existentes. “Eles servem de complemento, de aprofundamento, uma série de outras coisas que são complementares às outras atividades que já são feitas em sala de aula, como o uso dos livros, a própria exposição de uma aula pelo professor, a exposição de conteúdos de mídias digitais, por exemplo um projetor, usando tablet. Enfim, eu acho que são multimídias de fato. São várias mídias, várias formas de aprender, vários canais e vetores de transmissão de conteúdo”.
O caso da Suécia
A Suécia, que foi o primeiro país do mundo a implementar a educação 100% digital nas escolas, voltou atrás, semana passada, e decidiu investir 45 milhões de euros na distribuição de livros físicos neste ano. Os motivos foram:
- Queda no desempenho das crianças em leitura;
- Críticas de profissionais da saúde em relação ao aumento do uso de telas;
- Dificuldade maior para os pais ajudarem os filhos nas tarefas;
- Pesquisas que mostraram os benefícios do uso de livros físicos no aprendizado dos alunos.
Do outro lado, os defensores da digitalização citam a economia de papel, o peso das mochilas, os altos preços de materiais pouco usados e o atraso do ambiente escolar em relação ao mundo atual, reforçando a interatividade do digital.