Nas redes sociais, se acumulam as homenagens a Régis Feitosa Carvalho Mota, economista cearense que faleceu neste domingo (13). Além da batalha contra uma síndrome raríssima e diversos tipos de câncer, Régis era mais conhecido por seu papel como pai, que em um espaço de quatro anos teve que passar pelo luto por três filhos.
Aos 53 anos e lutando contra dois tipos de câncer — Leucemia Linfoma e Mieloma Múltiplo — Régis estava internado no Hospital da Unimed desde 31 de julho, aguardando um transplante de medula óssea que ainda não podia acontecer por conta de resultados alterados em exames.
O velório do economista aconteceu ainda na noite de domingo (13), e a missa está marcada para às 15h desta segunda-feira (14), no Crematório Parque Anjo da Guarda. Nas redes sociais, amigos e familiares compartilham depoimentos da jornada de Régis e de sua resiliência apesar de tanta dor.
No início do Dia dos Pais, antes do anúncio da morte, a esposa de Régis, Mariella Pompeu, postou que o economista “sempre se doou, deu e dará o melhor de si em tudo, o possível e o impossível. O mais presente, amoroso, guerreiro e dono de uma força sem igual. Suportar tamanha dor e continuar de pé, é para poucos. Ele vive por AMOR!”
Camila Barbosa, ex-esposa de Régis e mãe de Beatriz, sua filha mais nova, escreveu que a saga da família é uma história quase inacreditável, “não conheço de perto uma tão parecida e com uma frequência de dor tão intensa”. “Agora, o ciclo se fechou… Régis deixa uma história de amor incondicional! Um pai exemplar, filho amoroso, amigo leal, irmão unido, tio divertido e esposo dedicado”, completa a ex-esposa.
Christiane Luck Macieira, primeira esposa e mãe de Pedro e Anna, também fez uma homenagem nas redes sociais. “Dói muito sair do plano terrestre. Eu e a Camila seguiremos o fluxo. Nossa equipe devolveu mais um. Viveremos de acordo com os preceitos de Deus até nossa missão ser cumprida! Não está sendo fácil para nós duas. Seguiremos por vocês e para vocês!”, lê a postagem.
Em maio deste ano, Régis foi escolhido como um dos agraciados para receber a comenda Medalha do Mérito Policial Militar, em alusão aos 188 anos da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Em uma de suas internações, Régis recebeu a honraria em mãos do comandante-geral da PMCE, Cel. Klênio.
Nas redes sociais, a PMCE homenageou novamente o economista, a quem chamou de amigo e admirador da Corporação. “Regis era um homem íntegro e tinha uma fé inabalável. Mesmo com todos os desafios da vida, levava mensagens de superação e alegria”, lê o comunicado oficial.
Na Funerária Ternura, onde foi velado no domingo (13), Régis já tinha passado nos momentos de perda dos filhos. No perfil oficial, a instituição relembrou: “Sr. Regis esteve conosco em momentos muito difíceis, nos quais nos permitiu acolhê-lo em sua dor. Ele é um exemplo de fé, resiliência e fortaleza. Nos deixou lições de vida belíssimas que ficarão para sempre nos corações daqueles que tiveram o prazer de conhecê-lo”.
Síndrome
Régis e seus três filhos possuíam uma mutação genética raríssima, chamada de Síndrome de Li-fraumeni (LSF). Trata-se de uma síndrome hereditária que aumenta a predisposição da pessoa ao câncer. Ela eleva o risco de desenvolvimento de um grande espectro de tumores agressivos, alguns muito raros, em idade muito jovem.
A primeira a dar sinais da doença foi a mais velha, Anna, diagnosticada com leucemia no início de 2009, aos 12 anos. Foram quase três anos até a jovem encerrar o tratamento com radioterapia e quimioterapia contra a doença. Em 2015, porém, Régis descobriu que tinha a síndrome de Li-Fraumeni e também estava com câncer.
O filho Pedro Régis foi diagnosticado com osteossarcoma na tíbia esquerda em 2016, falecendo em 2020. Beatriz descobriu o câncer em 2017, e faleceu em 2018. Já Anna Carolina foi diagnosticada novamente em 2021, e veio a óbito em 2022. Em pouco mais de uma década, foram 11 diagnósticos de câncer entre Régis e os três filhos.
Em suas postagens, Régis refletia muito sobre a vida e sua condição. Em junho deste ano, quando se recuperava de mais um ciclo de quimioterapia, o cearense escreveu: “hoje não sinto falta de quase nada, a não ser da minha saúde, e também sinto demais a falta dos meus filhos, que partiram por problemas de saúde, infelizmente. Contudo, sou feliz com o que tenho e com quem tenho perto de mim!”.