O Mausoléu Castelo Branco, localizado no Palácio da Abolição, será ressignificado para abrigar restos mortais de abolicionistas. Segundo o governador Elmano de Freitas, a mudança na sede do Poder Executivo cearense é um pedido antigo dos sobreviventes da Ditadura Militar.
Datado de 18 de julho de 1972, o Mausoléu foi criado como um monumento à memória de Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1967), único cearense a ocupar a presidência da República de forma não interina, sendo o primeiro do período da Ditadura. O local abriga os restos mortais do general e o de sua esposa, Argentina Viana.
“A decisão está tomada. A secretaria da Cultura, junto à Secretaria de Direitos Humanos, tem a missão de garantir que no Palácio da Abolição não ficará o mausoléu de quem apoiou a ditadura”, anunciou o governador, que também falou da intenção de trazer os restos mortais de cearenses envolvidos na abolição da escravatura no país, em 1888.
“Existe um projeto a ser executado, minha vontade é que dia 11 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos, tragamos para cá Dragão do Mar. Porque se é para trazer alguém, que tragamos para cá Dragão do Mar e outros abolicionistas. Aqueles que lutaram pela democracia”, enfatizou Elmano.
O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (31), durante evento no Palácio da Abolição que comemorou os 44 anos da Lei da Anistia. Em alusão à data, foi assinado um acordo para manutenção de documentos históricos da Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou, a partir da identificação e higienização dos processos.
Na ocasião, também foram homenageadas 35 pessoas – 19 mulheres e 16 homens. Dentre elas Ruth Barreto, reconhecida como a primeira presa política do Ceará; o artista plástico Ernesto Sales, filho de presos políticos; e a ex-prefeita Maria Luiza Fontenele, professora universitária e ativista política.
Sobre o Mausoléu
Erguido no sul do térreo, o Mausoléu Castelo Branco foi inaugurado pouco mais de dois anos após a inauguração oficial do Palácio da Abolição, no dia 18 de julho de 1972. Sua estrutura de concreto protegido destaca-se pelo grande balanço suspenso de 30 metros, que se projeta sobre o espelho d’água.
Há também uma praça pavimentada com peças de madeira rústica aplicada na composição de escadas, cercada por taludes gramados. A câmara funerária foi situada na extremidade final do balanço, após as galerias que trazem a exposição de documentos e objetos pessoais do ex-presidente.