Você sabia que o Ceará tem uma cidade cujo nome e história remontam aos acontecimentos que cercaram a Independência do Brasil? No Sertão dos Crateús, a 310 km de Fortaleza, a cidade de Independência tem uma população de pouco mais de 24 mil pessoas, segundo o Censo de 2022, e o quarto maior território em extensão do estado.
Recentemente, começou a ser disseminada a narrativa pouco conhecida de que, naquela terra que há dois séculos se chamava Pelo Sinal, um grupo de pessoas do Ceará, Piauí e Maranhão se uniu para lutar contra o exército remanescente de Portugal e garantir a total Independência do Brasil.
“Em 1823, meses após a declaração do dia 7 de setembro de 1822 por Dom Pedro, muitas pessoas que habitavam o povoado de Pelo Sinal, e da região dos Inhamuns, juntaram-se a outras da região da Ibiapaba e lutaram na Batalha do Jenipapo, em Santo Antônio do Surubim (hoje Campo Maior/PI) e participaram posteriormente do Cerco a Cachias das Aldeias Altas (hoje Caxias/MA)”, conta o autor Flávio Paiva.
Nascido em Independência, o jornalista e escritor fez uma extensa pesquisa de campo para resgatar esses acontecimentos apagados da história do município, agora relatados em seu livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, lançado em 2020 pela editora Armazém da Cultura.
Segundo Paiva, esse feito de legiões populares assegurou que o Piauí, o Maranhão e o Grão Pará, hoje Amazônia, ficassem integrados ao Brasil. Ele conta que a estratégia do rei de Portugal, Dom João VI era ficar com esse território e deixar para o filho Dom Pedro, após a independência, apenas a parte do Brasil que começaria do Ceará para baixo.
O autor relata que essas pessoas, quando retornaram da vitória contra o exército português, mudaram o nome do município de Pelo Sinal, que à época fazia parte do território do Piauí, para Independência. Em 1880, a cidade passou a fazer parte do Ceará.
Esquecimento
Para o escritor, muitos motivos provocam o “esquecimento” dessa relação histórica entre a cidade e os acontecimentos envolvendo a Independência do Brasil. “Um deles é o fato de que a nossa história oficial foi contada pelos portugueses e, quando narrada por brasileiros, sempre partia da perspectiva do litoral”, aponta.
Quanto à afirmação de que o nome do município de Independência teria origem em um rio homônimo, Paiva atribui à “invencionice de alguém que, provavelmente, precisava concluir seu trabalho de cartografia e, não dispondo da informação correta, criou essa toponímia. Nunca existiu, nem existe um rio chamado Independência na região”, confirma.
O jornalista e autor finaliza afirmando que pessoas como ele, naturais do município de Independência, têm “tudo para se orgulhar dos nossos antepassados que contribuíram para esse grande feito histórico.”
