Deixar o bebê assistindo desenhos ou jogos interativos no celular é uma forma encontrada pelos pais para conseguir distrair os mais novos. Entretanto, o uso de eletrônicos por crianças está sendo debatido após a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) recomendar que celulares sejam banidos das escolas em todo o mundo.
Um estudo publicado recentemente no renomado The Journal of the American Medical Association Pediatrics, dos Estados Unidos, trouxe preocupações sobre os efeitos da exposição excessiva a telas em crianças e bebês, em especial com até um ano de idade. Embora as telas tenham se tornado parte integrante da vida moderna, o estudo destaca um impacto potencialmente prejudicial nas habilidades fundamentais das crianças.
A psicóloga clínica Manuella Bayma, do Espaço Transforma Infância, em Fortaleza, comenta sobre os malefícios que a exposição a telas pode causar, e diz que: “A consequência antecipada vai influenciar na forma como o cérebro se estrutura e também como os comportamentos e como a convivência da criança vai se estabelecendo. Ou seja, a gente tem ali uma criança que vai estar se comportando de forma passiva, frente a uma tela, que fornece uma série de estímulos, ao invés de estar socializando com outras crianças, em contato com a natureza, aprendendo de forma sensorial, de forma socioemocional”.
Os resultados do estudo indicaram que o desenvolvimento de habilidades de comunicação e resolução de problemas foram particularmente afetados quando as crianças atingiram a marca de 2 e 4 anos.
Além disso, as habilidades motoras finas e aspectos das interações pessoais e sociais também demonstraram atrasos em crianças expostas a um maior tempo de tela durante o primeiro ano de vida. No entanto, uma descoberta intrigante foi observada: os atrasos pareceram diminuir conforme as crianças alcançaram a idade de 4 anos.
A pesquisa também ressalta a importância de diretrizes claras para os pais e cuidadores, a fim de garantir um equilíbrio saudável entre a exposição à tecnologia e as atividades tradicionais que promovem o desenvolvimento holístico das crianças. Dessa forma, trazendo essa realidade para o Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria, também, não recomenda o uso de tela para menores de dois anos por nenhum tempo.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o uso de telas para as crianças/ pré-adolescentes aconteça da seguinte forma:
- 0 a 2 anos: não tenha nenhum contato com telas;
- 2 aos 5 anos: 1 hora de tela por dia;
- 6 aos 10 anos: 2 horas de tela por dia;
- 10 a 13 anos: 3 horas de tela por dia.
Atualmente, o uso de eletrônicos por crianças está sendo também debatido após a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) recomendar que celulares sejam banidos das escolas em todo o mundo.
Confira o estudo americano no link: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2808593