A crise interna no PDT Ceará ganha novos capítulos a cada alvorecer. O mais recente trata-se da decisão da juíza Maria de Fátima Bezerra Facundo, da 28º Vara Cível de Fortaleza, que anulou, nesta terça-feira (10), decisão da Executiva nacional do PDT de inativar o diretório estadual do partido e, no lugar, formar uma comissão provisória no Ceará.
A liminar atende ação ajuizada, na última sexta-feira (6), pelo senador Cid Gomes (PDT) e dezessete deputados estaduais e federais do PDT no Ceará. Na decisão, a juíza estabelece que o PDT “se abstenha” de constituir a comissão provisória, suspendendo a indicação que já havia sido feita na última sexta-feira.
Ela aponta que não houve observância a formalidades mínimas pelo partido. “Desse modo, torna-se certo que a dissolução abrupta do Diretório Estadual, que até então, era composto pelos Autores, configura medida que tem ares de sanção, tornando obrigatório que o partido permita o devido processo legal e a ampla defesa dos envolvidos, princípios estes constitucionais e inafastáveis”, diz.
Cid Gomes comentou em coletiva de imprensa após reunião com aliados nesta quarta-feira (11) sobre a decisão e os futuros passos a serem tomados.
“Cada dia com a sua agonia. O que nós queremos é que o diretório do Ceará possa, por sua maioria, decidir o seu destino. Isso é o princípio baseado da democracia. […] Vamos ver quem são os nomes que se colocam e, democraticamente, o partido vai decidir o seu futuro a partir de segunda-feira”, disse.
Até o momento da publicação deste texto, nenhum parlamentar da base aliada de André Figueiredo se posicionou sobre a decisão judicial que foi favorável a Cid Gomes. O único que falou indiretamente sobre a questão, mas de maneira superficial foi o prefeito Sarto entrega das obras de urbanização do projeto Meu Bairro Empreendedor, no José Walter.
“Eu não estou acompanhando porque eu estou focado, 24 horas do dia, em ganhar o primeiro lugar do Brasil em modo geral”
“Estou preocupado todos os dias em vencer um novo obstáculo e reduzir desigualdade, vou deixar pra discutir política onde me vem, porque essas coisas, todo mundo sabe, vai e volta. Vamos aguardar, deixa entrar no segundo tempo, quando chegar o segundo tempo do jogo é que a gente vai se pronunciar, e aguardar trabalhando muito”, emendou.
Racha no partido
O clima dentro do PDT não vem muito agradável desde as eleições de 2022. Na ocasião, a queda de braço que rachou o partido em duas alas girou em torno da escolha do candidato que disputaria o Governo do Estado. O ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) acabou despontando a atual governadora à época Izolda Cela (hoje atual secretária de Educação no MEC) nas prévias do partido.
De um lado no PDT, os que acompanham Ciro Gomes, entre eles o deputado federal André Figueiredo, o próprio Roberto Cláudio e o prefeito de Fortaleza José Sarto. Do outro, estão o que corroboram com Cid Gomes, o deputado estadual Evandro Leitão – que se desfiliou recentemente da legenda – , deputados federais como Idilvan Alencar e Eduardo Bismarck e estaduais como Lia Gomes e Guilherme Bismarck. Este último, integram alguns dos que apoiavam a reeleição de Izolda Cela em 2022.
Uma breve trégua se estabeleceu entre as duas alas depois que Cid Gomes, então vice-presidente estadual da sigla, assumiu o comando, após licença de André Figueiredo, no início de julho.
No entanto, o clima amistoso durou até o diretório estadual, sob o comando de Cid conceder, em agosto, carta de anuência para que o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, saia do PDT. A decisão foi contestada pela Executiva nacional e está agora sob análise tanto da Justiça Eleitoral como da Justiça comum.