Nos últimos anos, o mundo da beleza testemunhou uma explosão de interesse em cuidados com a pele, impulsionada pela tendência crescente do “skin care”. Essa moda, que vai muito além de simplesmente aplicar produtos na pele, tem cativado pessoas de todas as idades e gêneros, prometendo uma pele radiante e saudável. No entanto, enquanto os benefícios são evidentes, há também uma necessidade crucial de compreender os riscos e perigos associados a essa obsessão pela pele perfeita.
A médica dermatologista Mariana Pimenta, que conversou com a UrbNews, explica que a tentação de experimentar uma variedade de produtos pode levar a um excesso de cuidados com a pele, o que, paradoxalmente, pode causar irritação, inflamação e até mesmo danos permanentes à pele. Ela ainda alerta que a sobreutilização de certos ingredientes, como ácidos e retinoides, pode resultar em efeitos colaterais indesejados.
“Tem muitos casos que dão certo, há outros casos que mesmo o produto não tendo um efeito legal, não tem nenhum dano maior à pele, mas tem casos de cremes e produtos que devem ser prescritos por profissionais que estudam os componentes que têm dentro de cada produto”, reflete a especialista. “E daí também os produtos devem ser indicados para cada caso, cada tipo de pele, cada conjuntura”, completa.
A incidência desse tipo de uso inconsciente já resultou na criação de um termo: Cosmeticorexia. De acordo com a especialista, é uma mistura da palavra cosméticos com anorexia, e caracteriza a compulsão por comprar e experimentar novos produtos, mesmo que não seja próprio para determinado tipo de pele.
“Isso é preocupante porque a longo prazo pode causar efeitos danosos à pele e até a curto prazo, dependendo do produto, porque quando a gente prescreve os produtos, a gente indica toda a rotina, a sequência correta, o que deve ser retirado, o que deve dormir na pele, se pode ou não ter exposição solar. Então, a gente explica passo a passo de acordo com cada necessidade, e quando você compra produtos aleatórios, porque acha a embalagem bonita ou porque funcionou em uma certa propaganda, você pode estar autodestruindo sua pele”, detalha.
Conforme já noticiado pela UrbNews, um estudo da Technavio demonstra que o mercado de cosméticos no Brasil deve crescer a uma taxa anual de 6,97%, alcançando US$ 4,72 bilhões até 2027. O comércio eletrônico, impulsionado pelo aumento do uso da internet em dispositivos móveis, é um dos principais motores desse crescimento. Os produtos ganharam maior visibilidade no digital, facilitando o acesso dos consumidores e proporcionando maior comodidade nas compras.
A Dra. Mariana Pimenta corrobora: “Realmente os cuidados com a pele estão cada dia mais em alta, e a gente percebe que isso aconteceu após a explosão das redes sociais como Instagram, TikTok, YouTube, que aí despertou nas pessoas o desejo e a necessidade de cuidar mais da pele, de comprar produtos, de experimentar”.
Na onda de experimentar as novidades do mercado da beleza, que são muitas, há ainda o risco do consumo desenfreado e o investimento em produtos com pouca garantia de resultado. Nesse sentido, a dermatologista conclui: “as pessoas estão investindo em produtos sem tantos estudos comprovados e aí não têm um efeito esperado, e muitas pessoas ficam frustradas porque compram produtos que a propaganda é linda e maravilhosa, mas o resultado não é como esperado”.