Nos últimos meses, um novo golpe financeiro tem preocupado autoridades e instituições bancárias em todo o país. Golpistas se passam por representantes de bancos, ligando para clientes e solicitando dinheiro ou informações pessoais com a justificativa de resolver problemas nas contas.
Os golpistas usam táticas persuasivas e intimidatórias para fazer as vítimas agirem rapidamente, como jogos psicológicos e ameaças, gerando uma sensação de urgência. Fingindo ser funcionários bancários, afirmam problemas de transações na conta da vítima e pedem informações pessoais, como senhas, códigos de acesso e números de cartão de crédito, ou até mesmo transferências bancárias para outras contas.
O psicólogo Júlio Oliveira explica que o estresse pós-traumático e o medo generalizado em relação à vida podem ser causados nas vítimas após sofrerem intimidações violentas pelos golpistas. “Isso também convida a pessoa a rever a condição mental psicológica, porque se estiver minimamente instruída sobre tais coisas, terá certa prudência na situação”, ressalta.
Júlio disserta que é importante sempre verificar com o próprio banco se tais informações procedem antes de efetuar qualquer pagamento. Além disso, destaca que, geralmente, são os indivíduos mais idosos que se encontram em uma posição de vulnerabilidade para serem alvos desse tipo de golpe.
Ataques onlines
O aumento das fraudes bancárias reflete a era da digitalização, na qual muitas atividades cotidianas dos cidadãos são realizadas online. A tendência se intensificou durante a pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021, como destacou Walter Faria, da Febraban, para a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
Aldernes Mendes, universitário, relata que foi alvo de uma tentativa de golpe financeiro, no último dia 23 de janeiro. Na ocasião, o estudante recebeu um Pix, aparentemente por engano, e na tentativa de devolver o valor, foi informado sobre o cancelamento da conta do remetente. Pouco tempo depois, recebeu uma notificação informando tentativa de compra não autorizada na conta, seguida de uma ligação suspeita, em que a voz de um robô e posteriormente de uma pessoa tentaram obter informações confidenciais, como o CPF.
Na sequência, o banco enviou uma notificação ao estudante, informando que a instituição não efetua ligações e entra em contato com os clientes apenas via e-mail. “De primeira, eu fiquei muito tenso, nervoso e me senti um pouco violado. Não fui atrás do Nubank, deveria ter ido, mas não fui atrás de tomar alguma providência, mas depois percebi que errei nisso”, conclui.
Medidas jurídicas
Após ganharem a confiança dos seus alvos, golpistas solicitam informações pessoais e detalhes bancários, e as vítimas, frequentemente, acabam perdendo grandes quantias de dinheiro e correm risco de terem suas informações pessoais comprometidas, resultando em danos financeiros graves e possível exposição a futuras fraudes.
Rafael Guazelli, advogado especialista em Direito Bancário, informa que é recomendável não compartilhar dados pessoais por telefone e em sites não seguros e que também é preciso desconfiar de ofertas fora do comum e buscar informações da empresa na Internet em canais como o Reclame Aqui.
Ao tratar das responsabilidades legais das instituições financeiras quando se trata de proteger os clientes contra fraudes, Rafael esclarece que as empresas possuem a responsabilidade em proteger os dados dos clientes e que o vazamento dessas informações para terceiros pode levar à responsabilização das organizações por falha no sistema de segurança. “Além disso, após a ocorrência do golpe, a instituição tem a obrigação de empreender todos os meios para que o cliente consiga a reparação”, pontua.
Além disso, o advogado afirma que as vítimas devem relatar a situação à instituição financeira por meio do SAC e abrir um boletim de ocorrência. Caso a situação não seja resolvida e o golpe tenha ocorrido por falha da instituição, deve buscar um advogado de sua confiança e ajuizar uma ação judicial visando a reparação.
Como se proteger de golpes online
Ismael Júnior, especialista em segurança online, comunica que é necessário checar se realmente tem conta naquela instituição financeira e pesquisar sobre o número oficial do banco, no site ou no verso do cartão de crédito. Também é preciso validar se as informações que estão sendo passadas são válidas, já que o ideal não é o cliente passar os dados, mas sim o atendente.
Para melhor prevenção contra golpes financeiros, Ismael pontua que é importante ter senhas fortes nos aplicativos, seja no banco, em redes sociais e no e-mail. Outro ponto importante é habilitar o segundo fator de autenticação, criando uma camada a mais para o golpista quebrar.
“Ao fazer compras online, é de suma importância verificar o site e se há um cadeado na parte de cima para ter certeza que é uma transação segura. Desconfie durante o processo caso peça informações a mais do que o necessário, geralmente em compras feitas pela internet só é necessário os números do cartão de crédito, a data de validade e o CVV”, conclui.