“Visibilidade” é a palavra-chave que atravessa a história de luta LGBTQIA+ no Brasil. Nem nos momentos mais violentos e autoritários houve silêncio e inércia. E não poderia ser diferente na luta pela representatividade de milhares de pessoas transexuais dentro do mercado de trabalho.
De acordo com um levantamento da Agência AlmapBBDO e do Instituto On The Go, cerca de 80% das pessoas transexuais já se sentiram discriminadas em alguma etapa de seleção para um emprego formal. Dados levantados pela rede social LinkedIn em 2022, quatro em cada dez pessoas LGBTQIA+ relatam ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho.
O estudo também mostra que 8 em cada 10 pessoas LGBTQIAP+, incluindo lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, queer, intersexuais, assexuais e pansexuais, se sentem em algum momento confortáveis para compartilhar a identidade de gênero e a orientação sexual no ambiente de trabalho. Apesar disso, 43% dizem já ter sido vítima de preconceito
Identificação e representatividade
Mas como encontrar representatividade no ambiente corporativo? Para Cândido Lima, de 25 anos, Assistente de Cultura e Clima organizacional da M. Dias Branco, no Eusébio, esse espelho está no exemplo e no acolhimento que se deve ter em qualquer instituição, com cartilhas, ações e programas que impactam a vida dessas pessoas de forma positiva.
Cândido está a frente da área de diversidade da empresa em que trabalha. Prestes a se graduar em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará, o jovem homem trans conta como tem sido ser a referência, que ele não teve em experiências profissionais passadas, para outras pessoas que se identificam e se sentem seguros para serem quem são.
“Acho que desde a primeira oportunidade que eu tive de falar sobre diversidade, não estamos falando de prestar um favor a alguém, estamos falando de direitos, de vidas. Então todas as vidas que a gente impacta nesse processo, elas são ouvidas”, explica o assistente.
Em seu próprio retrato de experiência de vida, Cândido se diz um sujeito de sorte, ao resumir sua tragetória como uma em um milhão. Para o jovem, o benefício de ter sido ouvido desde a infância o ajudou a se encontrar como homem trans, e o apoio dos pais foi fundamental para que pudesse trilhar caminhos em segurança.