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Dia da Amazônia é marcado por recorde de queimadas e crescimento de garimpo em terras indígenas

Afinal, como celebrar o Dia da Amazônia em meio a tudo isso? O processo passa por uma ressignificação, aponta ambientalista
Afinal, como celebrar o Dia da Amazônia em meio a tudo isso? O processo passa por uma ressignificação, aponta ambientalista. (Foto: Alex Pazuello / Governo do Amazonas)

Neste 5 de setembro, é celebrado no Brasil o Dia da Amazônia. A celebração deste ano tem um tom fúnebre, mais precisamente um cinza das nuvens de fumaça que cobrem o país após as queimadas na maior floresta tropical do mundo.

2,5 milhões de hectares. Essa é a área queimada da Amazônia apenas no mês de agosto deste ano, segundo levantamento feito pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).

Em meio a todas as consequências da ação humana e das mudanças climáticas, como é possível celebrar o Dia da Amazônia e qual o significado dele dentro de todo esse contexto? A pesquisadora Alcilene Cardoso, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em entrevista à UrbNews, responde como.

“É um dia também de celebrar porque mesmo com os desafios impostos pelo uso da terra, problemas de queimada, de desmatamento e de supressão vegetal, a Amazônia tem sido sim um grande exemplo para o mundo em termos de políticas públicas de reação a esse tipo de uso desordenado”, diz a ambientalista.

Desde o início do ano, a Amazônia já teve mais de 4,1 milhões de hectares atingidos pelos incêndios, segundo os dados do mesmo estudo do Lasa-UFRJ.

Já de acordo com o levantamento realizado pela WWF-Brasil, foram detectados 12.696 focos de queimadas na Amazônia entre 1º de janeiro de 2024 e 23 de junho do mesmo ano. O índice representa um aumento de 76% quando comparado com 2023. Esse é o maior valor desde 2004.

Alcilene salienta que o cenário atual tem sido desafiador, mas que assim como há desafios, há uma “gama imensa de oportunidades de ter floresta viva, de ter floresta em pé, de ter produção e de fazer um desenvolvimento que realmente possa contribuir para a Amazônia, para o Brasil e para o mundo”.

Além das queimadas, ainda em agosto, antes de atingir o período crítico da estiagem que inicia neste mês setembro, os rios da Amazônia registraram recordes de baixas cotas, segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

Um outro recorde relacionado a floresta, e que não é motivo para comemoração, está relacionado a degradação ambiental causado pelo garimpo ilegal em terras indigenas na área.

De 2016 a 2022, o garimpo cresceu 361% em terras indígenas da Amazônia. No período, foram cerca de 241 mil hectares ocupados pelos garimpos na área florestal pertencente ao Brasil. 

25 mil hectares do total estavam dentro de 17 terras indígenas (TIs). Os dados foram levantados e compartilhados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em abril deste ano.

Já quando se fala em desmatamento, os alertas caíram 45% na Amazônia, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado em agosto deste ano. Entre agosto do ano passado e julho de 2024, o número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal foi de 4.314,76 km².

Em paralelo a isso, no início deste mês, foi prorrogado o prazo para o governo federal entregar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um plano de medidas de combate ao desmatamento da região. A decisão foi proferida pelo ministro André Mendonça.

Alcilene explica ainda que, os índices com relação a desmatamento e outras ações humanas ou de mudanças climáticas, hora crescente, horas decrescente, variam em função do uso da terra. 

“A Amazônia teve vários processos, vários ciclos econômicos. O cenário que se tem hoje é, na verdade, um resultado de vários ciclos e do processo de ocupação da Amazônia ao longo dos anos. A gente não tem uma coisa hoje que começou hoje”, pontua ainda a pesquisadora. 

Ainda é possível acreditar em um futuro sustentável onde a floresta esteja de pé, acredita Alcilene. “O futuro da Amazônia é um futuro de muitas oportunidades […] O futuro da Amazônia é se reencontrar, sabendo que com todo o conhecimento técnico e científico, com todo o conhecimento ancestral que existe nesse território, a gente vai conseguir”, compartilha.

O que há para celebrar? 

Afinal, como celebrar o Dia da Amazônia em meio a tudo isso? O processo passa por uma ressignificação, aponta a ambientalista.

“Vamos comemorar sim o Dia da Amazônia, porque nós ainda estamos aqui, nós instituições, nós pesquisadores, nós comunidades que estão no território […] a gente tem muito que comemorar, a gente tem muitas oportunidades para avançar. Eu chego a dizer que o que a gente tem de negativo acontecendo enquanto cenário de uso desse território, ele é bem menor do que o que a gente tem de oportunidade”, afirma Alcilene.

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