O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializou na manhã desta terça-feira (29) apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa por sua sucessão.
“Depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, disse Lira.
O gesto ocorre mais de um mês após ele afirmar a aliados que o líder do Republicanos seria o seu candidato na eleição da Mesa Diretora e dois meses depois do prazo inicial que ele havia estabelecido inicialmente.
Lira tem afirmado desde o início das negociações que trabalha para uma candidatura de consenso na Casa, com apoio do PL de Jair Bolsonaro e do PT de Lula, as duas maiores bancadas da Câmara. Até o momento, no entanto, esses dois partidos não se pronunciaram oficialmente sobre qual candidato deverão apoiar.
Lira leu seu discurso ao lado de Motta, do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), de líderes partidários, como Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), Doutor Luizinho (PP-RJ) e Romero Rodrigues (Podemos-PB), e de parlamentares de partidos como PT, PL, Republicanos, PP, MDB e Podemos. Os líderes do PT, Odair Cunha (MG), e do PL, Altineu Côrtes (RJ), não estavam no pronunciamento.
O deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA), um dos vice-líderes do governo na Câmara, participou do anúncio. Apesar disso, no entanto, o PT ainda não oficializou quem irá apoiar na disputa.
Uma ala da bancada defende adiar esse anúncio por entender que ainda não é o momento para isso. Os deputados do partido devem se reunir ainda nesta terça com Elmar e Brito, separadamente, a exemplo do que fizeram com Motta. A bancada do PL, por sua vez, se reunirá na manhã desta quarta (30).
Em sua fala nesta terça, Lira ressaltou a experiência e a busca por convergência de Motta. “Estou certo de que Hugo Motta, deputado experiente, em seu quarto mandato, e que viveu e vive de perto os desafios que perpassam a nossa gestão, vai saber manter a marcha da Câmara dos Deputados, seguindo esta mesma receita que tantos bons frutos deu ao Brasil: respeito ao plenário, cumprimento da palavra empenhada e busca incessante por convergência”, afirmou.
“Com esse meu gesto, espero dar início à concretização de conversas que foram feitas e acordos que foram firmados com diversas legendas partidárias em torno desse mesmo projeto de convergência”, disse Lira.
O presidente da Câmara afirmou que declarar apoio ao líder do Republicanos é sua contribuição pessoal à convergência, para que a Casa siga “atuante, propositiva, firme em defesa das prerrogativas do parlamento, da democracia e do Brasil”.
Motta foi alçado à disputa após uma reviravolta, com a desistência do presidente de seu partido, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Além dele, são candidatos os líderes Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA). Ambos foram citados nominalmente por Lira em seu discurso, a quem chamou de amigos. Ele disse que “jamais” caberia a ele “cercear as legítimas pretensões de quem quer que seja ou obstar o projeto político de um outro parlamentar”. “Elmar Nascimento e Antonio Britto, mais do que colegas de Parlamento, são verdadeiros amigos de vida.”
Antes, Elmar era considerado o favorito para ter a chancela de Lira, já que os dois mantinham relação estreita de amizade. Com as mudanças, Elmar rompeu com Lira e se aliou a Brito, considerado o nome mais governista entre os três. A ideia deles é fazer um bloco aliado ao Executivo, sem a participação do PL de Jair Bolsonaro, para garantir governabilidade nos últimos dois anos do mandato do petista.
Na sua fala nesta manhã, o presidente da Câmara disse que sua gestão conduziu uma agenda positiva na Casa. “Sinto imenso orgulho da agenda positiva e das entregas históricas que, juntos, com muito diálogo e convergência, estamos deixando ao país, mesmo num contexto de polarização social e política.”
Ainda nesta terça, o Republicanos e o PP anunciarão apoio à candidatura de Motta.
Victoria Azevedo, da Folhapress