Um suposto caso de intolerância religiosa em apresentações da cantora Claudia Leitte continua gerando polêmica. A artista deixou de seguir (e ser seguida) no Instagram por outra gigante do axé: Ivete Sangalo, semanas após o caso ganhar força nas redes.
A troca de “unfollows” pode evidenciar um distanciamento entre os dois maiores nomes do gênero – tradicionalmente ligado à cultura afro-brasileira.
Embora as duas não se sigam mais na rede social da Meta, Claudia ainda segue Ivete no X, antigo Twitter. Ivete, por sua vez, não segue mais a colega de axé.
As duas, que já gravaram juntas a música “Lambada”, ascenderam na música em Salvador – embora Leitte seja natural do Rio de Janeiro -, berço do gênero.
Nos últimos dias, internautas especularam que a baiana ficou incomodada com a decisão da loira de mudar um trecho do sucesso “Caranguejo”. Em vez de dizer “saudando a rainha Iemanjá”, Claudia disse “eu canto meu rei Yeshua”, que significa Jesus em hebraico, em mais de uma oportunidade.
Investigação por racismo religioso
No último dia 19 de dezembro, o MP-BA afirmou ter aberto um inquérito para apurar se a cantora Claudia Leitte cometeu racismo religioso durante uma apresentação em Salvador, na Bahia.
Na ocasião, a cantora também alterou a letra da mesma canção, Caranguejo, que menciona uma saudação a Iemanjá, para cantar “eu canto meu rei Yeshua”.
Leitte foi criticada nas redes sociais e seu ato foi repudiado pelo secretário de Cultura e Turismo de Salvador (BA), Pedro Tourinho.
“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu ele nas redes sociais.
Os denunciantes argumentam que a substituição do nome de Iemanjá descontextualiza a música e demonstra desprezo às religiões afro-brasileiras.
Claudia Leitte se pronunciou sobre a denúncia pela primeira vez durante uma coletiva de imprensa. “Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, disse Claudia, conforme publicado por O Globo.