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Economia

Dólar cai e Bolsa sobe, com posse de Trump e entrevista de Haddad no radar

Por UrbNews
Atualizado há 10 meses
Tempo de leitura: 6 mins
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Às 12h53, o dólar perdia 0,34%, cotado a R$ 6,033. Na máxima do dia, chegou a atingir R$ 6,090; na mínima, R$ 6,028. Foto: Reprodução/Redes Sociais/Internet

O dólar apresenta queda nesta sexta-feira (17), com a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e a agenda do ministro Fernando Haddad (Fazenda) no radar.

O republicano assume a Casa Branca já na segunda-feira, e a expectativa do mercado é sobre a política tarifária do novo governo em relação às demais economias globais. Já Haddad dará entrevista à CNN Brasil à tarde, por volta das 15h (horário de Brasília).

Às 12h53, o dólar perdia 0,34%, cotado a R$ 6,033. Na máxima do dia, chegou a atingir R$ 6,090; na mínima, R$ 6,028. Já a Bolsa tinha forte alta de 0,92%, aos 122.352 pontos, com impulso da Vale.

As atenções dos investidores estão voltadas aos Estados Unidos. A poucos dias do retorno de Trump à Casa Branca, a busca dos investidores é por saber com que agressividade e rapidez serão implementadas as promessas de campanha do presidente eleito.

Enquanto ainda era candidato, Trump prometeu aplicar tarifas de 10% sobre as importações globais, além de outras de 60% para chinesas e de 25% para canadenses e mexicanas. Segundo especialistas em comércio, as medidas afetariam os fluxos comerciais, aumentariam os custos e provocariam retaliações.

O indicado de Trump para o comando do Departamento do Tesouro, Scott Bessent, foi ouvido pelo Senado na quinta-feira. A expectativa de analistas é que ele, um veterano de Wall Street, leve uma abordagem mais cautelosa para as políticas do novo governo.

Bessent defendeu que o dólar continue sendo a moeda de reserva global e argumentou que a implementação de tarifas poderia ser um meio para se combater práticas comerciais injustas no exterior e uma ferramenta de negociação.

Mas o principal temor do mercado em relação à política tarifária do novo governo é sobre o efeito na economia doméstica dos Estados Unidos.

As tarifas têm potencial inflacionário, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. E, quanto mais altos os juros por lá, melhor para o dólar, que se torna mais atraente conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA crescem.

O Fed, na última reunião de política monetária, em dezembro, sinalizou a possibilidade de uma interrupção no ciclo de afrouxamento. A taxa hoje está na banda de 4,25% e 4,5%, depois de três cortes em 2024 que somaram 1 p.p.

Na quarta-feira, dados de inflação indicaram uma desaceleração nos preços ao consumidor em dezembro, o que aproxima a autoridade monetária da meta de 2%. Ainda assim, há um consenso entre os operadores de que o Fed manterá as taxas de juros inalteradas na reunião deste mês, entre 28 e 29 de janeiro.

A probabilidade de uma manutenção marca 99,5% na ferramenta CME Fed Watch, e os 0,5% restantes precificam um novo corte de 0,25 p.p.

“Continuamos vendo o dólar como fundamentalmente supervalorizado, mas, pelo menos no curto prazo, é difícil encontrar catalisadores que façam com que o dólar se enfraqueça”, disse Brian Rose, economista sênior do UBS Global Wealth Management.

Do outro lado do mundo, o Banco do Japão terá a primeira reunião de política monetária do ano na próxima semana. A expectativa é que as autoridades voltem a elevar a taxa de juros do país, o que pode impactar os mercados de câmbio.

A China também é destaque. A segunda maior economia do mundo apresentou uma expansão acima do esperado no quarto trimestre do ano passado e atingiu a meta de crescimento do governo de 5% para 2024.

“Em um dia de agenda um pouco mais fraca, os destaques foram para os dados econômicos chineses, que mostraram um desempenho melhor do que se esperava para o país”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado.

O dado impulsionava as ações da Vale na Bolsa brasileira, em alta de 2,58%, na esteira da alta do minério de ferro na Bolsa de Dalian.

Já na cena doméstica, o início do ano tem sido marcado por falta de notícias e poucos dados relevantes, com os investidores deixando de lado temporariamente os receios com o cenário fiscal. O mercado acompanhará mais tarde uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à CNN Brasil, em busca de sinais sobre os planos do governo para 2025.

A piora na trajetória da dívida pública para os próximos anos acendeu o alerta dentro da equipe econômica para a necessidade de tentar reverter expectativas negativas, mas as resistências políticas a medidas adicionais de revisão de gastos ou aumento de receitas são um obstáculo ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Auxiliares do ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmam que o resultado das contas de 2024 melhorou em relação a 2023 e que há chances reais de o país alcançar novamente um superávit nos próximos anos. Mesmo assim, isso pode ser insuficiente para estabilizar a dívida pública, tratada atualmente como “o grande X da questão”.

A equipe econômica já sabe que precisará buscar novas receitas para fechar o Orçamento de 2025 -um debate que enfrenta resistência no Legislativo e ficou ainda mais delicado após a recente onda de fake news sobre taxação do Pix, desmentida pelo governo Lula.

Em dezembro, o Tesouro Nacional projetou que a dívida bruta do Brasil pode atingir um pico de 83,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028, caso o Executivo falhe em aprovar novas medidas de arrecadação.

Mas os números podem estar subestimados, já que consideram uma taxa de juros menor do que a atual. Nas expectativas de mercado, o endividamento ultrapassa 90% do PIB em 2029, sem horizonte de queda.
Boa parte da deterioração nesse indicador é atribuída ao aperto na política monetária.

Quase metade da dívida federal é atrelada à taxa básica de juros, a Selic, que já subiu a 12,25% ao ano e tem mais dois aumentos de um ponto percentual contratados para o início de 2025. Mas há também o reconhecimento de que o governo precisa coordenar melhor as expectativas e minimizar ruídos em torno de suas medidas.

Com informações da Folhapress.

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