O embaixador André Corrêa do Lago irá presidir a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em novembro deste ano, em Belém, no Pará. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a secretária-executiva do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, fizeram o anúncio nesta terça-feira (21), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A ministra do Meio Ambiente parabenizou André pela presidência da COP e aproveitou o momento para informar que a secretária Ana Toni será diretora-executiva do evento.
André, por sua vez, agradeceu a confiança dos envolvidos na escolha para esse cargo. “Queria agradecer a confiança do presidente Lula em me nomear presidente da COP 30. É uma honra imensa, e acredito que o Brasil pode ter um papel incrível nessa COP. Agradeço também ao resto do governo, porque a COP, a gente vai ter que construir todos juntos. E além do governo, com a sociedade civil, o empresariado, todos os atores que são absolutamente essenciais na formação do que o Brasil quer desta COP”, destacou o novo presidente da COP.
Além de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, cargo criado no atual governo, desde de 2023, Corrêa do Lago trabalha com temas relacionados à sustentabilidade desde 2001. O diplomata também já representou o Brasil em outras Conferências do Clima da ONU.
O secretário acumula uma vasta experiência, incluindo a participação na reunião do G20 do ano passado, na qual coordenou o grupo de trabalho voltado para Sustentabilidade Ambiental e Climática.
Brasil sedia COP30
A realização da COP30 em solo brasileiro é aguardada com grande expectativa e pode colocar o país no centro das discussões sobre assuntos ambientais.
O Brasil tem “vocação” na contribuição de discussões globais sobre mudanças climáticas e transição energética, devido à posse do maior bioma tropical do planeta e o potencial para gerir soluções renováveis.
Segundo o professor titular do Instituto de Física da USP, a prioridade do Brasil é estabelecer um posicionamento “claro, forte e explícito” de como ajudar a combater a crise climática.
A COP30 acontecerá na porta de entrada da floresta amazônica, em Belém, e será lugar para discussões sobre iniciativas de preservação e combate ao desmatamento da floresta. Também deverá ser discutida a proteção do bioma para a redução de emissões de carbono a fim de combater os impactos da crise.
Devido a redução dos números de desmatamento na Amazônia, o Brasil terá mais chances de reconhecimento e apoio internacional. No intervalo de agosto de 2022 a julho de 2023, a taxa Prodes de desmatamento na Amazônia Legal foi de 9.064 km², Já entre agosto de 2023 e julho de 2024, essa taxa foi de 6.288 km², obtendo redução de 2776 km², que corresponde 30,6%.
No radar do mundo, o país deve aproveitar o evento para atrair investimentos estrangeiros para a Amazônia com uma proposta de soluções com base na bioeconomia e no fortalecimento das comunidades locais.
O Brasil pode ser protagonista na transição climática do mundo com o fortalecimento e a regulamentação do mercado de créditos de carbono.
Além disso, pode atuar como um modelo de matriz energética, devido sua predominância em energias renováveis. O programa de etanol, referência global, e o avanço nas pesquisas sobre o hidrogênio verde, fortalecem o potencial do país.
De acordo com o professor titular do Instituto de Energia e Ambiente (IEE ) da USP, Pedro Côrtes: “Temos a missão de resgatar a importância da COP no âmbito internacional. A primeira COP na Amazônia já garante nossa representatividade, mas ainda teremos a efeméride de dez anos do Acordo de Paris, que será revisto, o que fará da Conferência do Clima ainda mais importante este ano”.