MENU

Maranhão deve R$ 708 milhões à União após embolsar valor a mais em acordo do ICMS

Segundo o Tesouro Nacional, o Maranhão está em tratativa com a União para a celebração de novos contratos ou aditivos para regularizar o débito
Na lei do Propag, os estados tentaram emplacar uma espécie de perdão dessa dívida. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Cinco estados devem R$ 7,6 bilhões à União após embolsarem um valor maior que o previsto no acordo de compensação pelas perdas provocadas pela lei de 2022 que obrigou o corte do ICMS sobre combustíveis. O maior débito é de São Paulo, com R$ 5,7 bilhões, segundo valores atualizados até 1º de janeiro deste ano.

A pendência segue em aberto no momento em que os governos estaduais buscam um alívio em sua dívida com o governo federal por meio do Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), que autoriza a renegociação com redução nos juros daqui para frente.

Além de São Paulo, os demais devedores são Maranhão (R$ 708,9 milhões), Piauí (R$ 491,4 milhões), Alagoas (R$ 295,3 milhões) e Pernambuco (R$ 321,4 milhões).

Na lei do Propag, os estados tentaram emplacar uma espécie de perdão dessa dívida. O texto aprovado pelo Congresso Nacional dispensava a devolução do dinheiro, desde que o ente aplicasse recursos emprestados por bancos públicos federais (sem relação com o acordo do ICMS) em obras de infraestrutura logística, sem qualquer outra exigência.

O artigo foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a pedido do Ministério da Fazenda e da AGU (Advocacia-Geral da União). O principal argumento é que essa alternativa não constou no acordo homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para encerrar a disputa envolvendo o ICMS sobre combustíveis. Para o governo, o dispositivo representaria uma “violação à proteção ao ato jurídico perfeito” e uma “ofensa ao pacto federativo”.

Em 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiou a aprovação de uma lei que obrigou os estados a cortarem as alíquotas de ICMS sobre combustíveis, num momento em que a alta de preços da gasolina e do diesel ameaçava sua popularidade em ano eleitoral.

Uma vez aprovada a lei, os estados recorreram ao STF para tentar reverter seus efeitos e obter uma indenização pelas perdas na arrecadação. Em 2023, já no governo Lula, o Ministério da Fazenda chegou a um acordo com os governadores para pagar uma compensação de R$ 26,9 bilhões até 2026.

Enquanto a negociação se desenrolava, muitos estados conseguiram liminares para suspender o pagamento de suas parcelas da dívida com a União. A medida, porém, acabou gerando um alívio maior do que o valor da indenização homologado posteriormente pelo STF, o que deu origem ao novo passivo que hoje soma R$ 7,6 bilhões.

A lei do acordo previu três formas de regularização desse pagamento: incorporação ao saldo total da dívida com a União, por meio de aditivo contratual; celebrar um contrato específico de refinanciamento do valor devido; ou firmar convênio ou contrato de repasse para custear obra de interesse do governo federal.

Segundo o Tesouro Nacional, os estados de Pernambuco e Maranhão estão em tratativas com a União para a celebração de novos contratos ou aditivos para regularizar o débito. Alagoas e Piauí, por sua vez, fizeram consultas ao órgão sobre as possíveis formas de ressarcir o governo federal, mas não há ainda processo formal.

O órgão da Fazenda disse ainda que a lei do Propag prevê a inclusão automática desse passivo no saldo devedor da dívida com a União, caso o estado decida aderir ao programa para ter acesso aos benefícios, como a redução da taxa de juros. Neste caso, a incorporação se dará “independentemente de celebração prévia de instrumento contratual específico”.

Detentor da maior dívida com a União, São Paulo foi um dos que obtiveram a suspensão do pagamento das parcelas, e o estado acabou usufruindo de um benefício maior do que teria direito. Procurada, a Secretaria de Fazenda estadual não quis se manifestar.

A Secretaria de Fazenda de Alagoas informou, em nota, que vai refinanciar o valor devido conforme estabelecido pelo Propag, “com a incorporação ao saldo da dívida com a União dentro dos parâmetros previstos”. O estado disse ainda aguardar a regulamentação da nova lei para confirmar sua adesão.

A Secretaria de Fazenda do Piauí disse entender que o débito “pode ser compensado com convênios junto à União para execução de obras”. O estado ressaltou ainda que “esta relação de obras está sendo discutida junto ao governo federal”.

A Secretaria de Planejamento e Orçamento do Maranhão informou que a lei do acordo do ICMS permite a renegociação dos valores, mas não detalhou o encaminhamento a ser adotado pelo estado. O órgão disse ainda que “aguardará a homologação” dos vetos presidenciais à lei do Propag para avaliar as vantagens do programa para o estado.

A Secretaria de Fazenda de Pernambuco não respondeu aos pedidos da reportagem.

REEMBOLSO DEVIDO À UNIÃO

Estados tiveram compensação maior após lei que forçou corte nas alíquotas do ICMS e precisam pactuar devolução dos valores à União.

  • São Paulo – R$ 5,735 bilhões
  • Maranhão – R$ 708,9 milhões
  • Piauí – R$ 491,4 milhões
  • Pernambuco – R$ 321,4 milhões
  • Alagoas – R$ 295,3 milhões
  • Total – R$ 7,552 bilhões

*Com informações de Idiana Tamazelli, da Folhapress.

121
Compartilhe:
Mercado
Clima/Tempo
Mais Lidas
Fortal de 2025 já tem data confirmada; veja o que se sabe sobre o evento próximo ano
Conheça as 8  fotos mais famosas do mundo e a história por trás de cada uma delas
Governo do Ceará combate a insegurança alimentar no Estado com o Programa Ceará Sem Fome
Ceará Credi transforma pessoas e a economia por meio de incentivo a pequenos empreendedores
Confusão por revezamento de aparelho causa briga em academia de Fortaleza; veja vídeo
Prefeitura de São Luís celebra aniversário da cidade com semana de shows e grandes atrações
Teresina não terá aumento da passagem de ônibus, anuncia secretaria
Lugares Pet Friendly para levar seus bichos de estimação em Fortaleza
Pré-carnaval em Fortaleza: confira a programação para janeiro e fevereiro 
Filme da Netflix conta história de vice-presidente de Donald Trump

Notícias relacionadas:

Jornalista do Maranhão cai na risada após sua matéria ir ao ar: ‘Na rua e estúdio’
Maranhão
Jornalista do Maranhão cai na risada após sua matéria ir ao ar: ‘Na rua e estúdio’
Comércio em São Luís terá programação diferente no feriado da Semana Santa; entenda
Maranhão
Comércio em São Luís terá programação diferente no feriado da Semana Santa; entenda
Maranhão terá R$ 45 milhões do Fundo Amazônia para combater incêndios
Amazonas
Maranhão terá R$ 45 milhões do Fundo Amazônia para combater incêndios
Universidade Estadual do Maranhão abre inscrições para auxílio estudantil de 2025
Maranhão
Universidade Estadual do Maranhão abre inscrições para auxílio estudantil de 2025
logo-urbnews-redondo