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Trump entra na guerra e ataca instalações nucleares do Irã

Bombardeio norte-americano atingiu três instalações nucleares do Irã neste sábado (21)
Por UrbNews
Atualizado há 2 semanas
Tempo de leitura: 6 mins
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O presidente Donald Trump fala enquanto o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu acena após uma reunião na Casa Branca, em Washington, EUA, em 7 de abril de 2025. Foto: Reuters/Folhapress

Os Estados Unidos entraram na guerra de Israel contra o Irã, nove dias depois de o Estado judeu iniciar o ataque contra o rival. Segundo o presidente Donald Trump, bombardeiros americanos atacaram instalações do programa nuclear da teocracia neste sábado (21) e estão a salvo.

“Nós completamos nosso muito bem-sucedido ataque. Um complemento inteiro de bombas foi lançado no alvo primário, Fordow”, escreveu o americano na rede Truth Social. “Nenhuma outra força armada do mundo poderia fazer isso. AGORA É TEMPO PARA A PAZ”, escreveu, com as usuais maiúsculas.

Depois, replicou uma postagem que dizia: “Fordow já era”. Esta é a primeira ação de grande porte dos EUA contra seu maior rival no Oriente Médio, que tornou-se uma hostil República Islâmica em 1979. Antes, houve diversos entrechoques pontuais.

Ele também afirmou que os iranianos deveriam aceitar um acordo agora, “ou nós iremos atacá-los de novo”. Em pronunciamento posterior, ele disse que ou Teerã aceita a paz em seus termos, ou muitos outros alvos serão atingidos. “E será muito mais fácil”, disse.

O Ministério da Defesa de Israel disse ter coordenado a ação com os EUA, sem detalhar. Neste domingo (22), que é dia útil no Estado judeu, apenas atividades essenciais serão permitidas, com escolas e serviços públicos fechados.

O ataque vinha sendo especulado desde o meio da semana, quando Trump deixou o distanciamento da ação israelense, inédita em seu escopo em 46 anos de rusgas com a República Islâmica. O americano chegou a ameaçar de morte o líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

Na quinta (19), disse que iria tomar sua decisão em duas semanas. Há pressão doméstica, de sua base política, que é contrária ao engajamento dos EUA naquilo que Trump chamava de “guerras inúteis”. O prazo, como se viu, era uma cortina de fumaça.

O esforço de França, Alemanha e Reino Unido de se encontrar com a diplomacia iraniana, supostamente para abrir um canal com Trump, foi jogado fora. Nesta sábado, o chanceler do Irã, Abbas Araghchi, disse que o envolvimento americano seria “perigoso para todos”.

Enquanto ele falava em Istambul, já estavam no ar bombardeios furtivos ao radar B-2, que haviam levantado voo da base aérea de Whiteman, no Missouri (EUA). Os aviões são os únicos capazes de lançar a superbomba GBU-57, citada por especialistas como capaz de destruir os bunkers profundos do programa nuclear do Irã.
Não se sabe quantos aviões decolaram, mas especula-se que de dois a seis. Cada um pode levar duas das superbombas. À Fox News, Trump disse que seis bombas foram usadas, seu primeiro emprego em combate.

Junto aos B-2, rumo a oeste, voaram oito aviões de reabastecimento aéreo KC-135, um complemento que permitiu as 11 horas de viagem até a montanha onde está enterrada a principal instalação nuclear secreta do Irã, em Fordow.

Não se sabe quantos aviões americanos participaram da ação, dando cobertura aos B-2. Há um reforço nas bases militares dos EUA da região, e um grupo de porta-aviões está na região —logo, caças não faltariam para escoltar a missão.

Segundo relatos iniciais, submarinos americanos também lançaram mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos na superfície em Isfahan e Natanz, que já haviam sido alvejadas pelos israelenses.

Ao longo de sua primeira semana de campanha aérea, retaliada com ataques violentos com mísseis balísticos pelo Irã, Israel basicamente anulou a defesa da teocracia. Isso facilitou, e muito o trabalho americano.

O que os israelenses não têm é a GBU-57 e os B-2 para lançá-las. Além de Fordow, central de enriquecimento de urânio vista como a “fortaleza” do programa nuclear iraniano por estar a dezenas de metros abaixo do solo, Trump anunciou ataques aos bunkers remanescentes de Natanz e Isfahan.

A dúvida agora fica sobre a reação do Irã. Na sua postagem, Trump quer dar o assunto por encerrado, mas até aqui Teerã assumiu um tom desafiador apesar de estar pressionado: os ataques israelense degradaram bastante a capacidade de defesa do país.

Suas opções, em caso de ir para o conflito total com os EUA, é atacar as forças navais americanas na região ou alguma das 19 bases de Washington no Oriente Médio. A principal delas, para operações aéreas, fica no Qatar, do outro lado do Golfo Pérsico.

Teerã também pode causar disrupção no comércio mundial de petróleo se resolver tentar fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa mais de 30% da commodity produzida na região —e 90% daquela produzida na Arábia Saudita, aliada dos EUA e rival do Irã.

Empresas petrolíferas já disseram temer o impacto de uma eventual ação iraniana na área, que separa o país persa da Península Arábica por meros 39 km no trecho mais estreito. Qualquer movimento do Irã nesse sentido, contudo, abre a porta para um ataque mais forte dos EUA e talvez a expansão regional do conflito.

Para completar, ainda neste sábado, o comando militar dos rebeldes iemenitas, bancados por Teerã, havia dito que voltará a atacar navios americanos na região em caso de ataques. Eles mantêm uma trégua com as forças ocidentais no mar Vermelho desde o mês passado, mas seguem disparando mísseis contra Israel.

O B-2, o avião usado no ataque, é a mais complexa aeronave já construída, e os EUA têm 19 deles. Pode lançar cargas nucleares ou a coisa mais próxima no arsenal americano, que são as GBU-57, monstros de 13,6 toneladas capazes de penetrar defesas a mais de 60 metros de profundidade no solo e, aí, explodir de forma maciça.

O objetivo declarado de Israel, que começou a atacar há uma semana e está sob fogo de mísseis e drones de Teerã, é anular a capacidade dos iranianos de fazer uma bomba atômica totalmente. No meio do caminho, estão matando a liderança militar do país e obliterando suas capacidades de defesa antiaérea e de ataque de longa distância.

Trump já havia posicionado o modelo na base do oceano Índico de Diego Garcia em abril, quando começou a pressionar o Irã a sentar-se à mesa de negociações para fazer um acordo no qual os aiatolás recusam a bomba atômica em troca do fim de sanções ao país.

Deu certo, as conversas avançaram, e os B-2 voltaram para os EUA em algum momento do mês passado. Eles participaram de ações contra os houthis do Iêmen a partir da base e foram substituídos por modelos B-52. Imagens de satélite mostram grande movimentação no local, com aviões-tanque, de transporte e caças de ataque F/A-18 também. Agora, tudo isso é nota de rodapé da crise aguda em curso.

Igor Gielow, da Folhapress

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