Cerca de 1,5 milhão de cearenses escolheram sair do estado para morar em outros locais do Brasil, conforme o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, mais de 471 mil brasileiros de fora escolheram morar no Ceará.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) e mostram os fluxos migratórios da população brasileira. Em números exatos: 1.498.667 de pessoas naturais do Ceará viviam em outras unidades da federação, em 2022, enquanto 471.533 não-naturais residiam no Estado.
O estudo também mostra ainda que, em todo o Brasil, 29 milhões de pessoas moravam em estados distintos do local de nascimento, no ano do Censo, “evidenciando a magnitude das migrações interestaduais que marcaram o País ao longo do tempo”, como aponta o IBGE.
Entre os cearenses que optaram por residir em outros locais, quase metade (47,7%) vive no Sudeste ー um a cada três (35,3%) escolheram São Paulo, enquanto 12,2% preferiram o Rio de Janeiro.
O terceiro estado com mais habitantes naturais do Ceará vivendo fora é o Pará, na região Norte, com 5,6% delas, segundo o Censo.
A partir disso, o IBGE analisa que não é só a localização que dita os fluxos populacionais.
“As principais origens dos não naturais indicam tanto a influência da proximidade geográfica quanto a relevância de outros fatores econômicos ou sociais na escolha do destino”, analisa o instituto.
Quem escolhe o Ceará
Na contramão dos cearenses que migraram para outros estados, entre os brasileiros que escolheram o Ceará como casa entre 2017 e 2022 são, em sua maioria (29%), paulistas.
Em seguida, destacam-se os cariocas, equivalentes a 16,6% dos imigrantes que chegaram ao território cearense após 2017; e os pernambucanos, que representam 6% do total.
O Censo também expõe que o movimento de paulistas vindo viver no Nordeste acontece em todos os nove estados, com “percentuais mais expressivos na Bahia (27,3%), Pernambuco (20,8%) e Ceará (19,1%)”.
Segundo o IBGE, isso está “provavelmente associado à migração de naturais do Nordeste que residiram em São Paulo e retornam à sua terra natal acompanhados por familiares nascidos no estado paulista”.
Cearenses everywhere
O levantamento do IBGE também reúne as três naturalidades mais comuns entre os migrantes que moram em outros estados. Os cearenses ocupam o top 3 em pelo menos seis unidades da federação, sendo a maioria do Norte e do próprio Nordeste. Veja a lista:
- Piauí – 18,1% dos moradores não-naturais são cearenses;
- Rio Grande do Norte – 13,8%;
- Maranhão – 13,2%;
- Rio de Janeiro – 9,4%;
- Pará – 7,8%;
- Amapá – 2,1%.
O Censo Demográfico ainda fez um recorte mais específico para entender os movimentos migratórios, questionando os residentes de 5 anos ou mais de idade sobre onde moravam em julho de 2017. Como o estudo foi realizado em julho de 2022, a ideia era entender as migrações ocorridas há exatos 5 anos antes.
No Ceará, apesar da proximidade entre os números, o levantamento mostra que saíram mais pessoas do que chegaram: entre 2017 e 2022, 135.791 imigrantes passaram a morar no Estado, enquanto 136.488 pessoas saíram do Ceará. Sendo assim, um saldo negativo de 697 pessoas, proporção mais estável do Brasil.
A região Nordeste registrou o maior percentual de população residente em sua própria região de nascimento: 96,6% dos nordestinos moram no Nordeste, conforme o Censo.
Censo Demográfico 2022
O Censo Demográfico 2022 foi realizado pelo IBGE naquele ano e divulga gradualmente os resultados abordados por cada temática investigada através de amostras ー ou seja, entrevistas coletadas nas residências. O estudo revela informações sobre diferentes áreas, como saúde, educação e dados populacionais.
Nesta sexta-feira (27), o Instituto revelou informações relativas à fecundidade e à migração, “cujas interações, aliadas às estatísticas sobre mortalidade, determinam o tamanho e a estrutura populacionais de uma determinada região”, destaca.
Em relação à migração, o IBGE destaca que “constitui um insumo fundamental para a formulação de projeções populacionais, subsidiando não só análises demográficas de longo prazo, mas também os planejamentos territorial e socioeconômico”.