A tradição do uso, em romarias religiosas, dos caminhões conhecidos como “pau de arara” foi declarada como manifestação da cultura nacional brasileira. A Lei que estabelece isso foi sancionada nesta terça-feira (1º), pelo presidente Lula, e publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (2).
Segundo o texto do projeto de lei, os romeiros fazem desses meios de transporte uma parte importante da manifestação de sua devoção religiosa. Eles aplicam enfeites e adereços no veículo e usam o percurso para cânticos e orações, num clima de preparação para as atividades nas basílicas.
“Fazemos questão de enfeitar para a viagem o transporte que utilizamos, pois fazemos dele uma extensão dos santuários que visitamos em Juazeiro. A importância desse reconhecimento em forma de lei é servir para lembrarmos da necessidade constante de valorização do povo simples”, afirmou o padre Cícero José da Silva, reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores de Juazeiro do Norte (CE).
Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), autor do projeto de lei, a cultura do transporte em pau de arara é muito forte. “É o símbolo dos romeiros e romeiras”, afirmou o parlamentar. As romarias a Juazeiro do Norte (CE) e a Bom Jesus da Lapa (BA) costumam movimentar mais de 4,3 milhões de pessoas por ano.
De acordo com o relatório da Comissão de Cultura da Câmara, o termo “Pau de arara” é usado para denominar o tipo de transporte de passageiros realizado na carroceria adaptada de um caminhão, em que se colocam tábuas para servir de assento, e se instala uma cobertura de lona encerada para a proteção dos viajantes.
O reconhecimento do pau de arara como manifestação da cultura nacional cumpre também o papel de instruir o Poder Público, em especial os órgãos de trânsito, para estabelecer medidas simples para aumentar a segurança nesse meio de transporte de maneira mais efetiva, preservando o direito do romeiro.
O secretário de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, Renato Willamis, enfatiza que o pau de arara não é usado somente para eventos religiosos, “mas também era utilizado para transportar milhares de nordestinos para o sul e sudeste do Brasil, ajudando, assim, na construção desse país”, afirma.