Em todo o Brasil, cresce a procura pelo procedimento que, além de recuperar a aparência e autoestima afetadas pela queda de cabelo, oferece resultados satisfatórios e naturais: é o chamado transplante ou implante capilar. “A cirurgia é menos invasiva, menos agressiva e acaba que as pessoas vêem as outras fazendo. Se torna uma onda que já aconteceu em outros países também”, avalia o médico Davi Pontes, um dos principais nomes em transplantes capilares em Fortaleza.
Entre seus pacientes estão estrelas da música como Léo Santana, Wesley Safadão, Xand Avião, Mara Pavanelly, Dorgival Dantas, e também astros da televisão, como Kadu Moliterno e Sidney Sampaio. O cirurgião reconhece o crescimento não só nacional, mas também local no número de pacientes e de procedimentos realizados na capital cearense que desponta como pólo nordestino (e até internacional) de transplantes capilares.
“Aqui a gente tem voo direto para Miami, para Paris… várias cidades. Antigamente você precisava ir pra São Paulo primeiro pra depois se deslocar para Fortaleza. Hoje não. Então isso facilita também a chegada dos pacientes”, pontua o médico que recebe interessados de várias localidades fora do Ceará, inclusive de outros países: da América Latina, da América do Norte e da Europa.
O especialista destaca ainda que os custos no Ceará do procedimento, que tem duração média de 6 a 8 horas, também ficam muito atrativos se comparados aos valores em dólar ou em euro. Apesar das vantagens, no Brasil essa cirurgia tem ainda valor elevado e pode custar algo em torno de 20 mil a 60 mil reais.
O cirurgião Hygor Guerreiro, que também atende em Fortaleza, registrou um aumento de cerca de 700% na procura de seus serviços por pessoas de fora do Ceará no último ano. “Esse fluxo se dá de pacientes brasileiros que moram fora do Brasil, que aumenta principalmente em época de férias quando retornam, dos interiores e de pacientes de norte-nordeste, com média de 8 procedimentos desses por mês”, explica.
O médico, que conta com cerca de 22 a 24 transplantes por mês em seu núcleo, atribui o aumento na demanda pelo acesso dos pacientes às informações corretas dos procedimentos. “A busca, em geral, aumentou, pois surgiram mais programas de capacitação médica e mais serviços realizando o procedimento, além de uma maior democratização e acessibilidade”, avalia.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), Henrique Radwanski, Fortaleza está bem servida de profissionais e pode ser considerada o segundo pólo de referência no Nordeste, atrás apenas de Recife. O presidente explica que o primeiro profissional expoente na história da região foi o médico Fernando Basto, que atua na capital pernambucana.
“Ele ficou muito conhecido alguns anos atrás porque operou alguns senadores, entre eles o Renan Calheiros. Então o Fernando já está despontando no Nordeste há bastante tempo. E eu digo que um segundo ponto de referência no Nordeste é Fortaleza”, afirma Radwanski. O presidente explica que a Associação ainda está trabalhando em um censo que irá quantificar a proporção atual de cirurgias por estados.
Cirurgião plástico especialista em transplante de cabelos há mais de 25 anos, Radwanski pontua que o maior polo da prática nos anos 1980 e 1990 no Brasil era São Paulo. Outras cidades com médicos pioneiros no ramo foram Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Atualmente, segundo ele, os médicos formados nessa área em todo o Brasil são muito conhecidos pela capacidade e pelos excelentes resultados. “Esse é um fator positivo que aumenta a frequência de cirurgias realizadas”, avalia.
Recuperação tranquila
Alberto Figueiredo Filho, de 45 anos, é empresário em Fortaleza e fez sua cirurgia de transplante no início de maio deste ano. Ele está satisfeito com a decisão de preencher as falhas no cabelo. “Não me incomodava muito no início, mas com o passar dos anos foi aumentando a calvície e foi se tornando um incômodo, uma necessidade de se sentir melhor na autoestima”, pontua.
Para encontrar onde fazer a cirurgia, Alberto fez pesquisas por conta própria, chegando a se consultar com mais de um especialista. “Os profissionais que eu busquei inicialmente eram os mais renomados que tinham aqui, as pessoas mais conhecidas há mais tempo no mercado”. Porém, ele percebeu que eram locais com preços maiores do que ele estipulou para seu tratamento.
Alberto também chegou a pesquisar médicos e preços em outras capitais e até mesmo em outros países, mas optou por Fortaleza levando em conta principalmente o pós-operatório, que seria mais confortável em casa e sem envolver uma viagem de avião. “Depois da cirurgia você fica de três a quatro dias com uma espécie de curativo na área doadora, que está ainda muito sensível. Então eu acho que esse conforto de estar perto de casa é muito melhor”, conta.
Ainda sobre o pós-operatório, o empresário relata que foi tranquilo, como esperado. Ele descreve que há um leve desconforto imediatamente após o procedimento, mas que alivia rápido. Pelas próprias características do pós-operatório, Alberto já estava de volta ao trabalho em questão de quatro a cinco dias. “A recuperação é suportável, vale a pena”, conclui.
Implante em mulheres
Todos esses fatores não atraem somente os homens, já que as mulheres estão crescendo como público alvo do procedimento. No consultório do cirurgião Davi Pontes, por exemplo, duas a cada dez pacientes são mulheres. Ele avalia que houve um aumento nessa procura feminina, e que ele pode estar atrelado a um aumento na própria perda de cabelo entre as mulheres.
“O número de mulheres que precisam da cirurgia tem aumentado bastante, devido ao uso de química, devido às escovas progressivas, estilo de vida e uso de androgênios orais, que aceleram muito a calvície feminina”. Segundo ele, a cirurgia nas mulheres costuma ser uma opção quando os tratamentos clínicos já não dão mais resultado.
Um dos principais nomes do transplante capilar na cidade, o cirurgião Davi Pontes também dá dicas valiosas para quem está pensando em se operar. Confira:
Cuidados com o procedimento
O aumento na procura por transplantes não deixa de vir atrelado também a um aumento na demanda, o que pode propiciar um risco caso o paciente encontre um profissional despreparado ou mal intencionado. O cirurgião Henrique Radwanski oferece algumas recomendações para que o paciente escolha sabiamente onde se operar.
“Em primeiro lugar investigar, investigar e investigar. Hoje com tanta informação na Internet é muito muito fácil você chegar ao bom profissional.” Apesar disso, a investigação tem que ser feita de forma criteriosa para não cair em resultados que são anúncios pagos. Em segundo lugar, o médico alerta que não se deve abrir mão de fazer uma consulta médica antes do procedimento.
“Lá o paciente vai conhecer o profissional, a técnica cirúrgica, vai saber o planejamento, se a cirurgia vai ser feita em uma ou mais de uma etapa. Ele vai discutir suas dúvidas com o cirurgião, depois ele vai fazer o preparo que normalmente inclui exames pré-operatórios em risco cirúrgico cardiológico. Então esse é o preparo adequado”, enumera Dr. Henrique.
Alerta para a cirurgia na Turquia
O médico também faz um alerta com relação aos brasileiros que estão viajando para a Turquia a fim de realizar um transplante capilar. “A Turquia tem uma rede enorme de clínicas pequenas, que nós achamos que são clínicas ilegais, onde pessoas sem a menor experiência prática e sem a formação médica estão fazendo cirurgias de transplante”, conta.
Segundo ele, os pacientes são atraídos pela promessa de uma cirurgia bem feita e, especialmente, pela questão financeira: lá, uma cirurgia de transplante capilar pode sair em torno de 1.500 a 2.000 dólares. “Esse é um valor que não dá pra competir aqui no Brasil. Então o alerta que eu daria aos pacientes é primeiro procure um médico de referência e não se deixe iludir somente pelo preço da cirurgia”, afirma.
“Pacientes que vão pra Turquia fazer cirurgia podem eventualmente cair nas mãos de uma equipe inexperiente. Pode causar grande dano ao couro cabeludo. Fora o risco de fazer uma cirurgia e ter uma uma contaminação ou mesmo uma complicação maior, uma complicação que possa correr risco de vida também”, finaliza o médico.