O Brasil atingiu a marca de um milhão de casos de dengue em 2024, conforme dados atualizados nesta quinta-feira (29) pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Até o momento, foram registrados 1.017.278 casos e 207 mortes, com mais 687 óbitos em investigação.
Esse número representa mais da metade dos casos de todo o ano de 2023 e é o maior da série histórica, em 17 anos. .
A alta de casos neste ano é considerada atípica devido às proporções acima do esperado e à ocorrência mais precoce do que o normal. De acordo com o último informe semanal do Ministério da Saúde sobre dengue, baseado em dados até 24 de fevereiro, o Brasil registrou no início deste ano um aumento de 369% nos casos em comparação com o mesmo período do ano anterior, além de um aumento de 154% nos diagnósticos graves e de 31% nas mortes.
A situação é preocupante, visto que 2023 foi o segundo pior ano da série histórica, com 1.658.816 casos e o mais letal, com 1.094 óbitos.
Sintomas e medicamentos
A doença é dividida em dois grupos: a dengue clássica e a hemorrágica, quando a infecção começa a destruir plaquetas responsáveis pela coagulação, e o paciente passa a ter sangramentos na gengiva ou nas fezes.
Além de dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos, febre, enjoos, vômitos e manchas vermelhas, a dengue pode causar outros sintomas como sonolência, irritabilidade e confusão mental.
Não há um medicamento específico para o tratamento da dengue. Os remédios disponíveis para amenizar os sintomas devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica nas farmácias, podem aumentar o risco de sangramento.
“Estes medicamentos são contraindicados em casos de suspeita de dengue.” A frase ilustra campanhas de conscientização envolvendo a doença e alerta sobre o uso de remédios muito conhecidos, comprados sem prescrição médica. A automedicação, todavia, pode piorar o quadro e prejudicar o tratamento adequado.
Entre os vilões da fase inicial da dengue estão os anti-inflamatórios, como os da classe dos salicilatos, o ácido salicílico, conhecido popularmente como AAS ou aspirina. Seu uso é proibido em caso de suspeita de dengue, pois diminui a função plaquetária e pode dificultar a correta coagulação do sangue, como explica o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo.
“A aspirina age nas plaquetas, diminuindo sua atividade. Em um paciente com dengue, que já apresenta uma redução de plaquetas importante, este medicamento pode trazer alterações significativas na função plaquetária, não tendo seu uso indicado”, diz ele.
Outro vilão na automedicação contra os sintomas da dengue é o ibuprofeno. Também anti-inflamatório, o remédio, usado frequentemente contra febre, pode igualmente influenciar o sistema de coagulação sanguínea. “Vai piorar e causar uma disfunção no organismo”, diz o infectologista.