Nas últimas semanas, o Brasil vem enfrentando incêndios florestais que chegaram a um acumulado de 152.383 focos – número 103% maior que o registrado no mesmo período de 2023. Além de afetar a saúde ocular e dermatológica, especialmente entre crianças, idosos e pessoas vulneráveis, os incêndios podem causar impactos significativos na saúde respiratória.
São Paulo, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são os estados com o maior registro de queimadas até o momento. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM), por sua vez, estima que 10 milhões de pessoas foram afetadas diretamente pelos incêndios florestais.
Posto o cenário, a Urbnews separou algumas orientações do Ministério da Saúde e ouviu profissionais sobre como amenizar os efeitos da fumaça na saúde.
Durante esse período, a pasta do governo federal apresentou as seguintes recomendações:
- Aumento da ingestão de água e de líquidos, como medida para manter as membranas respiratórias úmidas e, dessa forma, ficarem mais protegidas;
- O tempo de exposição deve ser reduzido ao máximo, devendo manter a permanência em local ventilado dentro de casa, se possível com ar condicionado ou purificadores de ar;
- Para reduzir a entrada da poluição externa, durante os horários com elevadas concentrações de partículas, as portas e as janelas devem ser mantidas fechadas;
- As atividades físicas devem ser evitadas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre o meio-dia e às 16h, quando as concentrações de ozônio são mais intensas;
- As recomendações devem ser seguidas por toda a população e a atenção deve ser redobrada em crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes.
Cuidados necessários
Visando o bem-estar diante dos problemas causados pela fumaça e poluição do ar, o médico pneumologista Rodolfo Augusto faz o seguinte alerta: “a inalação de grandes quantidades de fumaça pode levar à inflamação das vias aéreas inferiores e pulmões, com crises de broncoespasmos. Além disso, há uma redução da capacidade de defesa pulmonar, o que pode favorecer infecções.”
O pneumologista ainda incentiva o uso de máscara durante a permanência ao ar livre: “o uso de máscara é uma das medidas efetivas, principalmente as máscaras PFF2/N95, contra o combate às toxinas que a fumaça pode causar ao entrar na via aérea. Assim, sem a devida proteção, essas partículas são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e causar inflamação, irritação e outros danos ao sistema respiratório e cardiovascular, além do câncer.”
Impacto na rede farmacêutica
O clima seco e as queimadas têm contribuído também para o aumento de doenças como rinite, asma, bronquite, conjuntivite e ressecamento da pele. Como resultado, as farmácias já estão registrando um aumento considerável da demanda por medicamentos para tratar esses problemas.
Na Rede de Farmácias Santa Branca, o crescimento por esses tipos de medicamentos aumentou 21,4% nos últimos dois meses em relação ao primeiro semestre de 2024.
O Dr. Maurício Filizola, presidente da rede farmacêutica, destaca o aumento da procura de medicamentos que tratam as vias respiratórias de um modo geral: “notamos um aumento considerável na venda de medicamentos para tosse, xaropes, soro fisiológico, descongestionantes nasais, além de medicamentos anti-inflamatórios e broncodilatadores”.
A fumaça gerada pelas queimadas não só agrava a poluição do ar, mas também libera grandes quantidades de dióxido de carbono, intensificando o efeito estufa. Além disso, a destruição da vegetação nativa impacta negativamente a fauna local, reduzindo habitats e elevando o risco de extinção de várias espécies.