Um artigo da revista inglesa The Economist elegeu o futebol brasileiro como o mais animador para investidores. Além de lotar estádios América Latina afora com a Copa Libertadores – que rendeu a taça para o Botafogo – os times brasileiros estão “inundados de dinheiro”, segundo a publicação. O texto ainda projeta que o Campeonato Brasileiro pode se tornar a próxima Premier League. Tudo isso ancorado em uma estrutura de negócio: as SAFs.
SAF é a sigla para Sociedade Anônima de Futebol. As SAFs foram criadas a partir da Lei 14.193/2021 e permitiram que clubes de futebol brasileiros pudessem ser transformados em empresas.
Com a transmutação, os times deixam de ser organizações sem fins lucrativos e entram de cabeça no mercado. Dessa forma, podem ser comprados ou receber investimentos milionários de empresários nacionais e até mesmo internacionais.
Foi o que aconteceu com o Cruzeiro em 2021. Ronaldo, um dos maiores artilheiros do Brasil, adquiriu 90% das ações da SAF do Raposa, em um investimento de R$ 50 milhões. Ou com o Botafogo, campeão da Libertadores, que foi comprado pelo empresário americano John Textor em 2022 por R$ 60 milhões. A sua firma, Eagle Football Holdings, também é dona do Crystal Palace na Inglaterra e do Olympique Lyonnais na França.
A merca de SAFs têm ganhos para os dois lados. O Cruzeiro de Ronaldo estava afundado em dívidas e tinha caído para a segunda divisão quando o jogador o comprou em dezembro de 2021. Em abril do ano seguinte, o time havia voltado para a primeira divisão, sendo vendido no mesmo mês por R$100 milhões, o dobro do valor original.
O mesmo aconteceu com o Botafogo. Com o investimento de John Textor, os débitos do time foram cortados pela metade. Com a vitória na Libertadores, o americano recebeu um cheque de 23 milhões de dólares. Além disso, o Alvinegro do Rio qualificou-se para competir na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, em 2025.
A SAF já conquistou oito dos 20 times da Série A do Brasileirão em 2024. Outros clubes devem aderir ao sistema nos próximos anos, frente aos resultados. Além disso, países vizinhos ao Brasil devem criar sistemas parecidos, dada a dominância brasileira no futebol, segundo o The Economist.
Entre eles, está a Argentina. Após o fim da Libertadores, com a decisão entre o Atlético Mineiro e o Botafogo no estádio “El Monumental” em Buenos Aires, o presidente Javier Milei postou no X: “Vamos falar sobre SAFs?”.
O sistema atrai os olhares de empresários mundo afora para os clubes brasileiros. Com os investimentos milionários e a lógica mercadológica, a competitividade aumenta de maneira estratosférica. E como futebol é competição, e competição causa interesse, o Brasileirão ganha força para alçar-se ao status da maior liga de futebol mundial.
