A imprensa internacional tem repercutido a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por liderar articulações para um golpe de Estado. Nesta terça-feira (18), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas no inquérito que investiga tentativa de golpe após a derrota do liberal na eleição de 2022.
Grandes veículos como o espanhol El País, os americanos The New York Times e The Washington Post e o britânico The Guardian destacaram, além do envolvimento do ex-presidente no plano golpista, sua conivência com a suposta tentativa de envenenamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os denunciados pela Procuradoria Geral da República (PGR) estão o ex-ministro de Bolsonaro, o general Walter Souza Braga Netto, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e o ex-diretor da Abin e deputado federal, Alexandre Ramagem.
The New York Times (Estados Unidos)

O jornal The New York Times disse que Bolsonaro foi acusado de liderar um “vasto esquema” para tentar minar a confiança do Brasil nas eleições de 2022.
“O procurador-geral do Brasil, Paulo Gonet Branco, indiciou Bolsonaro e outras 33 pessoas por uma série de crimes contra a democracia do país. As acusações essencialmente seguiram as recomendações feitas pela Polícia Federal em novembro”, escreveu o jornal.
O jornal ainda ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda vai analisar a denúncia.
The Washington Post (Estados Unidos)

O americano The Washington Post deu destaque para a conivência de Bolsonaro com a tentativa de envenenamento do presidente Lula. Segundo o inquérito da Polícia Federal, o ex-presidente tinha conhecimento do plano de assasinato do presidente Lula, de seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
O jornal explicou o plano de Bolsonaro afirmando que ele “envolvia semear sistematicamente a desconfiança no sistema eleitoral entre a população, redigir um decreto para dar uma aparência de legalidade ao golpe, pressionar a alta cúpula militar a aderir ao plano e incitar um motim na capital”.
El País (Espanha)

Na manchete, o jornal espanhol El País deu destaque à denúncia e afirmou que Bolsonaro “está a um passo de ir a julgamento” por tentativa de golpe para “reverter sua derrota nas urnas”.
“Além de Bolsonaro, 33 pessoas foram denunciadas, incluindo o militar Walter Braga Netto, que foi seu candidato a vice-presidente e está preso por obstruir as investigações. Nunca antes um general de quatro estrelas do Brasil havia sido encarcerado”, escreveu o jornal.
O veículo também repercutiu as falas de Bolsonaro feitas mais cedo no Senado Federal.
The Guardian (Reino Unido)

O veículo britânico The Guardian descreveu o ex-presidente como “o líder populista radical de direita” e pontuou que ele foi formalmente acusado de arquitetar uma conspiração de extrema-direita para se manter no poder através de um golpe militar.
“Bolsonaro, que especialistas dizem poder enfrentar até 28 anos de prisão se condenado, é acusado de crimes, incluindo envolvimento em uma tentativa de golpe de estado, associação criminosa armada e abolição violenta do Estado de Direito”, escreveu o The Guardian.
Bolsonaro é apontado pelo jornal como líder de uma organização criminosa “baseada em projeto autoritário de poder” e “com forte influência de setores militares”.
La Nación (Argentina)

O jornal argentino La Nación destacou trechos da denúncia da PGR, de Paulo Gonet, que aponta que Bolsonaro adotou um tom cada vez mais antidemocrático à medida que as eleições de 2022 se aproximavam.
“Gonet disse que Bolsonaro adotou ‘um tom crescente de ruptura com a normalidade institucional em suas reiteradas declarações públicas, nas quais manifestou seu descontentamento com decisões de tribunais superiores e com o atual sistema eleitoral eletrônico'”, diz a reportagem.