Uma estudante de medicina teve o benefício estudantil suspenso após a Prefeitura de Anápolis, em Goiás, identificar inconsistências entre os dados declarados para o programa de bolsas e o estilo de vida que ela exibia nas redes sociais.
A jovem recorreu à Justiça para tentar garantir sua rematrícula em uma universidade particular, mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça de Goiás, que considerou as provas públicas incompatíveis com a suposta baixa renda apresentada por ela.
Durante a análise do caso, a Justiça verificou que a estudante compartilhava registros de viagens internacionais e experiências de alto custo nas redes sociais, o que levantou dúvidas sobre a real condição econômica da família.
A jovem afirmou morar com o avô e ter uma renda familiar de até três salários mínimos, condição exigida pelo programa municipal. No entanto, as investigações revelaram que o avô possui uma empresa com capital social de R$ 100 mil.
Além disso, o pai da universitária é sócio de uma imobiliária, enquanto a mãe atua como advogada e também ocupa um cargo no serviço público estadual, somando rendimentos mensais de cerca de R$ 12,8 mil. Esses fatores contribuíram para que o juiz revogasse uma decisão anterior que permitia a matrícula da estudante mesmo sem os repasses da bolsa.
A dívida da jovem com a universidade já chegava a R$ 47,3 mil, referente às mensalidades de fevereiro a junho deste ano. Ela afirmou ter perdido o direito à matrícula por causa da interrupção dos pagamentos, que eram responsabilidade do programa municipal até o segundo semestre de 2024.
Diante das informações levantadas, o juiz solicitou que a estudante comprove todos os requisitos para manter o benefício. Caso contrário, ela poderá responder por litigância de má-fé, o que pode resultar em multa de até 10% sobre o valor da causa.
O Ministério Público já anunciou que irá abrir procedimento para apurar possíveis irregularidades na concessão da bolsa.
A Prefeitura de Anápolis declarou que está revisando todos os benefícios concedidos em gestões anteriores e reafirmou o compromisso com o uso responsável dos recursos públicos. Uma comissão especial foi criada para reavaliar o programa “Graduação”.



