A brasileira Juliana Marins, que no sábado (21) caiu durante trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, foi encontrada morta pela equipe de resgate nesta terça-feira (24), após 4 dias presa no penhasco, informou a família em comunicado nas redes sociais.
“Hoje a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava”, escreveu a irmã de Juliana, Mariana Marins. “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido”.
Juliana caiu durante uma trilha guiada em um dos trechos mais perigosos da rota que leva ao cume do vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Até o início da manhã desta terça (24), a informação que se tinha era de que o helicóptero responsável pelo resgate da brasileira não havia conseguido chegar ao local.
“Não é tão fácil e rápido quanto pensávamos”, publicou a direção do Parque Nacional do Monte Rinjani no Instagram.
O parque também anunciou que, a partir de hoje, a rota para o cume do vulcão estava temporariamente fechada para turistas para agilizar o resgate e evitar curiosos.
O resgate de Juliana enfrentou um clima adverso e diversas interrupções, que foram acompanhadas por duras críticas da família da brasileira e de milhares de internautas, que acompanhavam a operação através das redes sociais. Voluntários e profissionais do governo brasileiro e indonésio se colocaram em risco para tentar resgatá-la viva.
Turistas falam sobre ‘condições externas’ da trilha
A trilha de dois dias de duração no vulcão Rinjani, na Indonésia, tem um cenário descrito como “de outro mundo” por turistas. O chão de cascalho, nuvens baixas e a vista para o lago Sinara Anak contrastam com o drama vivido pela brasileira Juliana Martins, que desapareceu após um acidente no local.
A publicitária de 26 anos decidiu embarcar em uma aventura sozinha pela Ásia. Passou pelas Filipinas, Vietnã e Tailândia até chegar à Indonésia, no fim de fevereiro. No país, juntou-se a um grupo de cinco turistas e um guia para escalar o Monte Rinjani, com mais de 3 mil metros de altura.
A italiana Federica Matricardi, que fazia parte do grupo, relembrou o esforço da subida e a decepção com a vista encoberta por neblina. As duas, Juliana e a italiana, acamparam e retornaram a trilha na madrugada seguinte, por volta de 5h15.
“Estava muito frio, e foi muito difícil (…) começamos a caminhar juntas e alguns rapazes foram mais rápido”, lembrou, em entrevista ao programa Fantástico. Federica seguiu na frente com outros turistas, enquanto Juliana caminhava com o guia, logo atrás.
O francês Antoine Le Gac, também do grupo, afirmou que as condições eram ruins: ainda estava escuro, com pouca visibilidade e o terreno era escorregadio, iluminado apenas por lanternas.
“Durante a trilha, tínhamos diferenças de nível. (…) no momento do acidente, eu estava bem na frente. Ela estava sozinha com o guia. Era muito cedo, antes de o sol nascer, em condições de visão ruins, com uma simples lanterna para iluminar terrenos difíceis, escorregadios”, contou.
Segundo autoridades locais, Juliana teria caído cerca de 300 metros abaixo da trilha, perto do ponto mais alto da montanha. Algumas horas depois, outro grupo chegou ao local e, com ajuda de um drone, a localizou.
As imagens mostram a brasileira presa em uma fresta da pedra, com dificuldade para se mover. Vestia calça jeans, camiseta, luvas e tênis ー sem agasalho, apesar do frio intenso, e sem os óculos, fundamentais para sua visão, pois tem cinco graus de miopia.
A irmã de Juliana, Mariana Marins, inicialmente duvidou da informação, mas reconheceu a jovem pelas roupas e pelo rosto nos vídeos. Desde então, a família vivia à espera de respostas e enfrentaba dificuldades para obter informações confiáveis à distância.
“A verdade é que, a gente descobriu isso em contato com pessoas que trabalham no parque, é que a Juliana estava nesse grupo de cinco pessoas, sim, com um guia. Porém, a Juliana ficou muito cansada, pediu pra parar um pouco (…) eles seguiram em frente. O guia não ficou com ela. (…) As informações que a gente tem também, vindas do parque, são de que a Juliana entrou em desespero porque não sabia o que fazer — e aí acabou culminando no sumiço dela. Quando percebeu que ela estava demorando muito, ele chegou. Ele chegou e viu que ela tinha caído lá embaixo”, disse a irmã.
Além do drama, a família ainda precisou lidar com informações falsas. A irmã de Juliana recebeu um vídeo que sugeria que a brasileira já havia sido resgatada e recebido comida e água. A informação, contudo, foi desmentida mais tarde. “Chegamos a comemorar. Foi um choque descobrir que era mentira”, contou a irmã.
O embaixador do Brasil na Indonésia admitiu, em ligação ao Fantástico, que repassou informações incorretas no início, com base em relatos imprecisos das autoridades locais. Ele afirmou também que a equipe de resgate chegou ao local onde Juliana tinha sido vista, mas ela já não estava mais lá. As buscas foram ampliadas com o uso de drones térmicos, mas uma forte neblina interrompeu a operação.
Mariana, que se manteve em contato com autoridades, amigos e voluntários, disse que continuava acreditando: “Eu acredito que minha irmã está viva.”